Trabalhar como Product Designer Sênior em uma grande multinacional de tecnologia me deu uma perspectiva única sobre o poder do Design Thinking. Em um ambiente de desenvolvimento de software para criação, gestão e governança de APIs, onde tudo é altamente técnico e orientado a processos, é fácil perder de vista o elemento humano. E foi justamente aí que o Design Thinking provou seu valor – trazendo os usuários para o centro de tudo o que fazemos.
Primeiro Passo: Empatia com o Usuário
Quando entrei no time, a primeira etapa foi entender quem são os verdadeiros usuários das nossas soluções de API. Parece simples, mas em uma empresa que opera em escala global, a diversidade de stakeholders é imensa: temos desenvolvedores que lidam com o software diariamente, gerentes de produto que buscam insights gerenciais, e executivos que precisam de relatórios claros e objetivos. Minha primeira missão foi me colocar no lugar de cada um desses perfis, explorando como nossa ferramenta poderia ajudar cada um deles de forma eficiente.
Para isso, realizamos workshops, entrevistas e acompanhamos de perto os fluxos de trabalho dos nossos usuários. À medida que aprofundávamos o processo de empatia, ficou claro que muitos dos problemas que enfrentavam não estavam sendo abordados simplesmente porque nunca haviam sido colocados em evidência.
Definindo o Problema com Clareza
A etapa de definição foi um momento transformador. Depois de coletarmos feedbacks e compreendermos as dores dos usuários, veio a necessidade de traduzir essas informações em problemas claros e objetivos para as equipes de desenvolvimento. Meu papel aqui foi essencial para criar uma ponte entre as necessidades dos usuários e as metas técnicas da empresa.
Pessoalmente, acredito que o sucesso dessa fase é o que diferencia um produto mediano de uma solução verdadeiramente eficaz. Foi quando conseguimos visualizar claramente que algumas das funcionalidades que estávamos desenvolvendo precisavam ser repensadas do zero, enquanto outras, que estavam em segundo plano, mereciam destaque. Esse ajuste de foco fez toda a diferença na forma como planejamos os próximos passos do produto.
A Ideação e a Colaboração Interdisciplinar
Uma das partes mais enriquecedoras desse processo foi a fase de ideação. Organizamos sessões de brainstorming que envolveram não apenas designers, mas também desenvolvedores, gerentes de produto e até mesmo membros de times de vendas e marketing. Isso porque, para uma multinacional com produtos globais, uma ideia precisa ser explorada sob vários ângulos – o técnico, o comercial e o do usuário final.
Minha experiência nessa fase foi um grande aprendizado em termos de colaboração. Como designer, eu já estava acostumado a criar soluções visuais e funcionais, mas compartilhar e mesclar ideias com profissionais de outras áreas trouxe uma riqueza de insights que tornou o produto muito mais completo. A partir dessas sessões, saímos com ideias inovadoras, algumas delas simples, mas com grande impacto na experiência do usuário.
Prototipagem e Testes: Aprendendo com o Erro
Como qualquer Product Designer Sênior sabe, o Design Thinking é uma abordagem que valoriza o processo de tentativa e erro. Durante a fase de prototipagem, criamos várias versões de funcionalidades para serem testadas com nossos usuários reais. A vantagem de trabalhar em uma grande corporação é a capacidade de realizar testes em escala, o que nos permitiu entender rapidamente o que funcionava e o que precisava ser ajustado.
Cada rodada de testes nos dava insights valiosos sobre a experiência dos usuários. Percebemos, por exemplo, que simplificar o dashboard de monitoramento de APIs gerava uma curva de aprendizado menor para novos usuários, enquanto incluir opções avançadas em menus ocultos deixava os usuários experientes mais satisfeitos. Esse processo contínuo de feedback ajudou a transformar nossa plataforma de uma ferramenta complexa em uma solução ágil e intuitiva.
O Impacto do Design Thinking na Cultura Corporativa
Ao longo de todo o processo, percebi que o maior impacto do Design Thinking foi na cultura da empresa. Em uma multinacional onde os times costumam trabalhar de forma isolada, essa metodologia trouxe uma nova dinâmica de colaboração. Reunir todos em torno do objetivo comum de melhorar a experiência do usuário criou um alinhamento entre as equipes, unindo desde o desenvolvimento até a liderança.
Hoje, vejo como o Design Thinking criou uma nova mentalidade na corporação. Os feedbacks que antes eram ignorados são agora tratados como oportunidades de inovação, e as decisões de produto são sempre fundamentadas nas necessidades reais dos nossos usuários.


Conclusão: Design Thinking como Motor de Inovação
Para mim, vivenciar o Design Thinking em uma grande corporação de software foi uma experiência que redefiniu o meu papel como Product Designer. Mais do que uma metodologia, ele se mostrou uma filosofia de trabalho, que coloca o usuário no centro e transforma processos. E em um cenário tão técnico e global como o desenvolvimento de soluções de APIs, essa abordagem se torna um motor de inovação que impulsiona a empresa para novos patamares.